Técnico do Atalanta fala sobre medo ao contrair o coronavírus: "Não posso morrer agora"

Em entrevista à Gazzetta dello sport, o técnico Gian Piero Gasperini, revelou que no mês de março sofria de sintomas do coronavírus, exatamente na época dos duelos entre Valencia e seu clube, Atalanta.

"Estava assustado. No dia anterior ao jogo estava doente, na tarde do jogo ainda pior. Nas duas noites seguintes mal dormi. Não tinha febre, mas me senti mal, como se os meus ossos estivessem em pedaços, enquanto lá fora passava uma ambulância a cada dois minutos, parecia uma guerra. À noite, pensava: 'o que acontecerá comigo se eu for ao hospital? Não posso ir agora, ainda tenho muito o que fazer", lembrou.

A confirmação de que ele havia contraído o coronavírus cegou através de testes sorológicos: "Há 10 dias, os testes sorológicos confirmaram que tive Covid-19. Tenho os anticorpos, mas não significa que esteja imune".

Para ele, o trauma que a cidade de Bergamo sofreu pode ajudar a equipe treinada por ele.

"Vai levar tempo até que possamos ver as cenas alegres na praça ou no aeroporto novamente, mas o povo de Bergamo emergirão lentamente novamente. Esta equipe permaneceu ligada ao sofrimento de Bergamo, nenhum dos jogadores deixou a cidade durante o bloqueio e representará Bergamo em campo", falou.

“Existe essa tristeza profunda e digna na cidade. O ar está denso, você sente em todos os lugares, na rua, nos olhos das pessoas, nos bares e restaurantes fechados, no silêncio do meu funcionário que perdeu o pai. Levará anos para entender realmente o que aconteceu, porque esse foi o centro da tragédia. Toda vez que penso nisso, isso é tão absurdo: o pico da alegria esportiva coincide com as profundezas do desespero por Bergamo", terminou.

A Série A tem retorno previsto para 20 de junho e Atalanta está em quarto lugar, na tabela de classificação.