Seguindo com as entrevistas com candidatos à Presidência do Esporte Clube Bahia, o terceiro entrevistado do Galáticos Online é o candidato Guilherme Bellintani. Lembrando que todas as entrevistas ficam disponíveis na aba "Entrevistas" do site.
Graduado em Direito, Guilherme Cortizo Bellintani tem 40 anos e concorre ao cargo de presidente do Bahia pela primeira vez. Ao lado do seu candidato a vice-presidente, o atual superintende Jurídico do Esquadrão, Vitor Ferraz, Bellintani concorre nas eleições pela chapa “Bahia 3.1”.
1) Quais são os seus principais projetos e as suas metas para o departamento de futebol para os próximos três anos?
RESP: No futebol profissional, primeiramente temos que buscar ao máximo a estabilização do elenco, instituindo uma política de maior longevidade dos atletas no Clube, mantendo os atletas que têm desempenhado satisfatoriamente. Além disso, o Bahia investirá mais na estruturação do Departamento de Análise de Desempenho (Dade), para ter mais assertividade nas contratações e captação de atletas para as Divisões de Base. Outra proposta é o fim ‘fim de carreira’, acabando com as contratações de atletas de idade alta e que já não rendem o que se espera deles, os atletas que, como se diz no futebol, estão “de barriga cheia”. Mais um ponto é um aprimoramento das estruturas, tanto da parte física quanto dos investimentos nas equipes técnicas de apoio aos atletas. Preparadores físicos, médicos, fisiologistas, nutricionistas, psicólogos e equipe de coaching possuem alto nível de impacto nos resultados em campo. É preciso garantir que a estrutura do clube esteja à altura do que há de melhor no Brasil. O mais importante de nossas propostas é que a nova administração quer destinar mais dinheiro para o futebol e priorizá-lo por ser sua atividade-fim. Acreditamos que ser profissional na administração do clube é o caminho para fazer ‘a bola entrar’. A principal proposta da ‘Bahia 3.1’ é fazer da grande gestão um grande futebol. O lucro do Bahia, como empresa, é a ‘bola na rede’.
2) O que projeta com relação a todo o patrimônio do clube, principalmente os CTs da Cidade Tricolor e Fazendão?
RESP: A atual gestão, de Marcelo Sant’Ana, e a do Presidente Schmidt, iniciaram a recuperação do patrimônio do clube, mas ainda é preciso dar passos importantes para ela ser consolidada. O Bahia precisará de um planejamento muito cuidadoso para manutenção física do patrimônio. A Cidade Tricolor é muito maior que o Fazendão, o que requer um investimento alto e permanente. A nossa proposta é de migração total das atividades do Clube para a Cidade Tricolor no início de 2019, com alternativas de venda ou parcerias com investidores para negociar a área do Fazendão. Uma definição quanto a esse tema ocorrerá após amplo debate com o Conselho Deliberativo e os sócios, além da avaliação do mercado imobiliário.
3) Sobre divisões de base e captação de talentos. Como pretende fazer com que o Bahia produza bons valores para o time profissional, além de captar jogadores promissores em centros menores para possíveis vendas futuras?
RESP: A ideia é fazer do Bahia referência mundial na revelação de talentos com a “Rede Nordeste de Jovens Atletas”, colocando as divisões de base como uma estratégia prioritária do clube, tendo a Cidade Tricolor como um grande trunfo para isso. Nossa proposta é investir e ampliar toda a rede de captação de atletas, assim como promover o desenvolvimento pleno dos jovens jogadores, com equipe multidisciplinar focada especialmente no planejamento educacional, na formação humana e no fortalecimento de seus vínculos com o clube. Acompanhar melhor as divisões de base de clubes menores, assistir a torneios por todo o Brasil e criar uma ampla rede de relacionamentos serão as principais missões dos nossos ‘olheiros’. O trabalho com a nossa rede de escolinhas também fará parte dessa estratégia, fazendo com que, de fato, sejam formadoras de atletas. Além disso, o fortalecimento do Dade da divisão de base também é fundamental para uma preparação mais adequadas dos nossos garotos em formação.
4) Tendo em vista a diferença de arrecadação do Bahia para clubes do sudeste e sul do país, como pretende alavancar as receitas do clube nos próximos três anos possibilitando maior competitividade no cenário nacional?
RESP: É preciso ter criatividade na captação de receitas. Queremos fazer do Bahia uma potência em inovação. Uma aposta sólida nesse intuito é a ‘Plataforma Digital BBMP’, uma plataforma digital completa, capaz de concentrar todas as ações de relacionamento com o torcedor, como geração de notícias, administração de um modernizado programa de sócios, comércio eletrônico e outras iniciativas, como o consumo por emoção. O Bahia estará no mesmo nível de grandes empresas do mundo que usam a comunicação digital como forma de potencializar ganhos. Com a Plataforma BBMP, todo torcedor, não apenas o sócio, é um potencial consumidor. Além disso, revisar e ampliar a parceria e interação entre Bahia e Fonte Nova são fundamentais para, além de atender melhor ao torcedor que vai ao estágio, fomentar o crescimento de receitas, explorando propriedades comerciais que são pouco exploradas, bem como aumentando a média de público nos jogos do Bahia.
5) No que se refere à Diretoria de Mercado, quais suas propostas para fazer crescer o número de sócios do clube, além de aumentar receitas com patrocínios e exploração da "marca Bahia"?
RESP: Uma vantagem do Aplicativo BBMP é praticamente reduzir a zero a dificuldade para se associar, o que será feito com apenas alguns cliques. Temos que ampliar e modernizar o programa de sócios. Vamos criar categorias diferentes para cada perfil de torcedor. As tradicionais divisões dos programas de milhagens (diamante, ouro, prata e bronze) serão incorporadas ao programa. Um dos pontos mais importantes será a mudança completa da lógica de benefícios oferecidos. É fundamental que o sócio tenha sentimento real de ganho. Vamos adotar a lógica dos programas de benefícios mais bem-sucedidos do Brasil, que focam em pontuação obtida a partir de uma determinada ocorrência. Serão pontuados, por exemplo, a compra de uma camisa oficial, a presença no estádio ou a compra de um produto em uma empresa parceira. As vantagens obtidas pelos sócios serão proporcionais ao acúmulo de pontos, de uma forma clara e facilmente utilizada, via Aplicativo BBMP.
Sobre a arrecadação com royalties, esse é um dos itens que mais cabe reflexão na nossa estratégia de ampliação de receita. A proporção entre o valor dos produtos e o que é transferido ao Bahia representa valores quase simbólicos, a ponto de a arrecadação com royalties, inclusive de camisas, não atingir sequer 1% do faturamento total anual. É razoável que uma camisa que custe aproximadamente R$ 240 para o torcedor, deixe apenas um pouco mais e R$ 10 para os cofres do clube? Claro que não. Por que, nos produtos com a marca Bahia, os fabricantes se remuneram, os lojistas se remuneram, e o clube recebe apenas um valor residual?
É preciso mudar de forma radical a estratégia de royalties e venda de produtos. Ampliar o valor arrecadado com venda de cada camisa é fundamental. Além disso, ampliar a variedade dos produtos, colocando no mercado camisas oficiais de tipos diferentes, inclusive algumas mais baratas para dar ao torcedor com menos poder aquisitivo a possibilidade de comprar um produto oficial do clube. Com o aumento do valor unitário arrecadado e a redução do preço, a tendência é uma ampliação significativa do faturamento. Assim como será preciso um novo modelo de parceria com a empresa fabricante de camisas, o Bahia deverá fazer do comércio eletrônico um ponto forte de sua estratégia de venda. O App BBMP será importante nesse processo, aumentando os canais de comércio entre o clube e o torcedor.
6) Sobre a Arena Fonte Nova, como pretende lidar com essa parceria tendo em vista algumas críticas feitas por boa parte da torcida, sobretudo, aos preços dos ingressos?
RESP: É muito necessário melhorar toda a operação e fazer a Fonte Nova ter cada vez mais a cara do torcedor do Bahia. Há três fragilidades muito claras que precisam ser enfrentadas. A primeira é a deficiência operacional, principalmente na compra de ingressos. É certo que precisamos melhorar a tecnologia da venda e operação nos pontos físicos. A segunda questão é fazer do estádio cada vez mais a cara do torcedor do Bahia. Deixar a Fonte Nova com menos cara de Copa do Mundo e mais cara de BBMP é um desafio urgente. As implantações de uma loja própria e do Museu do Bahia serão muito importantes para isso. A redução da compartimentação dos espaços deixará o estádio mais livre para o trânsito de torcedores e reduzirá o custo operacional. O preço dos ingressos deve ser calculado de maneira melhor, inclusive podendo variar conforme a importância do jogo. É assim com qualquer espetáculo de entretenimento. Discutir os preços e os tipos de produtos comercializados também será necessário. Por fim, o Bahia precisa arrecadar mais em dia de jogos. Venda de produtos variados, incentivo a consumo e outras iniciativas são fundamentais para aproveitar melhor o momento ápice do futebol, potencializando o fato de os torcedores estarem juntos em um mesmo local e num mesmo instante.
7) Seus opositores alegam que você estaria utilizando o Bahia como trampolim para a política e questionam suas ausências nas reuniões do Conselho Deliberativo. O que você tem a dizer sobre isso?
RESP: Sou empresário desde os 20 anos, quando fundei minha primeira empresa. Gostei muito de minha experiência na gestão pública, mas jamais fui ou me senti um político. Minha administração, nas três secretarias pelas quais passei, foi sobretudo técnica. Um grande desafio do qual me orgulho de ter feito um grande trabalho. Mas sou, em minha essência, um empreendedor, e por isso, antes mesmo da definição de minha candidatura à presidência do Bahia, já havia solicitado meu desligamento à prefeitura. Acho que ser Presidente do Bahia é o maior cargo que almejo na vida, por isso não vejo como usar o Clube para um trampolim, se não teria para onde “subir”. Quanto às ausências em reuniões do Conselho, como a maioria delas aconteceu aos sábados, muitas vezes eu me vi impedido de comparecer, já que os dias e horários coincidiam com eventos da prefeitura, como inaugurações, por exemplo. Era funcionário público e tinha uma responsabilidade muito grande. Tive que priorizar minha vida profissional, mas jamais deixei o Bahia de lado. Desde a intervenção, com Carlos Rattis, depois com Fernando Schmidt e Marcelo Sant’Ana, participo intensamente da vida do clube, inclusive nos momentos mais difíceis, independentemente de comparecimento em reuniões do Conselho.
8) Suas considerações finais.
RESP: Nossa chapa, a Bahia 3.1, é formada não apenas por Guilherme Bellintani e Vitor Ferraz, mas por diversos dos grupos que lideraram o processo de democratização do Esporte Clube Bahia, como o Simplesmente Bahia, a Revolução Tricolor, o 100% Bahêa e o Sou Bahia, e que têm uma visão muito clara do que o Bahia tem que fazer para crescer e se consolidar ainda mais como o grande clube que é. Se você, sócio, torcedor, acredita que o caminho para o nosso sucesso é esse que vem sendo trilhado desde a intervenção, com uma administração responsável e profissional, que agora já vê os efeitos disso em campo, então acredito que seu voto na eleição do dia 9 deve ser nosso, já que pegaremos tudo de bom que já foi feito nesses últimos anos, e vamos alavancar as receitas e o investimento futebol por meio de muita inovação e criatividade. Esse é o caminho!