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“Há democracia no Bahia e me considero um democrata”

Autor(a): Redação Bocão News em 27 de Maio de 2013 16:22

Marcelo Guimarães Filho, presidente do Esporte Clube Bahia, concedeu uma entrevista exclusiva ao Bocão News na última sexta-feira (24) e contou todos os detalhes da sua gestão à frente do clube. A primeira parte do bate-papo tratou de assuntos ligados a campo, jogadores, contratações, Paulo Angioni e Joel Santana. Já nesta segunda parte da conversa, o torcedor poderá conferir tudo que o mandatário Tricolor pensa sobre o movimento ‘Bahia da Torcida’, democracia, intervenção, Torcedor Oficial do Bahia, Conselho Deliberativo, novo Centro de Treinamentos, patrocinadores, investidores e muito mais.

O dirigente reafirmou que “não tem a menor chance de renunciar”. Além disso, MGF disse ser um democrata e declarou que há democracia no clube.

Confira na íntegra a segunda parte da entrevista especial com MGF

(Fotos: Gilberto Junior // Bocão News)

Bocão News: O cargo de deputado federal atrapalha o seu trabalho como presidente do Bahia?

Marcelo Guimarães Filho: Não vou dizer que atrapalha, mas a gente precisa trabalhar mais, o trabalho fica curto realmente pra se dividir em duas atividades. Tenho trabalhado muito mais agora, porque tenho que dividir a atenção com a Câmara Federal e com o Bahia.

BNews: O que pensa a respeito do movimento Bahia da Torcida?

MGF: Os torcedores e as pessoas que estão ali, bem intencionadas com relação a melhora da instituição, com relação ao voto para presidência, maior transparência, com relação a maior democracia do clube, isso é legítimo, faz parte. A grandeza do Bahia permite isso e não serei a pessoa que vai bloquear esse discurso, pelo contrário, fizemos uma reforma em janeiro, mas podemos avançar mais, coisa que podemos discutir, que devem ser colocadas pelo próprio torcedor. O torcedor este ano, desde janeiro, já pode votar pra presidente com 12 meses de filiação, foi uma mudança que fizemos, pra ser votado com 24 meses. Para se ter ideia, no Corinthians são 5 anos de sócio para votar e ser votado, no Grêmio pra ser candidato à presidente precisa ter 10 anos de sócio. Temos um prazo muito menor do que estes dois, por exemplo, que têm eleição com sócio votando para presidente. Mas outras coisas podem ser discutidas, como o fim da reeleição, a eleição do conselho. O filtro do conselho, em vez de dois candidatos, saiam mais candidatos para que o sócio possa votar pra presidente depois da eleição do Conselho. Tudo isso estou aberto, não tem nenhum problema com relação a isso, e se for o caso, de não conseguirmos um consenso, não houver diálogo com a oposição, pretendo fazer isso novamente, se é um anseio da torcida, vamos fazer esse ano e mudar.


BNews: O que pensa a respeito da participação de políticos na campanha?

MGF: Certamente tem gente no movimento que busca uma melhora para o clube, que realmente é bem intencionado com relação ao futuro da instituição, mas óbvio que tem gente nesse movimento que quer explorar politicamente essa situação ruim que o Bahia passa em campo. Cabe ao torcedor e a vocês da imprensa mostrarem, e o torcedor fazer a leitura correta, de quem é que quer realmente ajudar o Bahia, que está bem intencionado neste sentido e quem quer tirar proveito político eleitoral dessa questão.

BNews: Então você pretende implantar o sistema de eleições diretas no Bahia ainda este ano?

MGF: Pretendo implantar o modelo diferente do que a gente já implantou. Tenho percebido que é o desejo da torcida, se não conseguirmos um acordo com as pessoas que fazem oposição para que a gente possa avançar num consenso, independente da vontade delas, a gente vai fazer. Vamos avançar mais ainda e discutir todos estes pontos e mudar mais ainda o estatuto abrindo mais o clube para que o torcedor possa votar.

BNews: O movimento pede sua renúncia, existe essa possibilidade?

MGF: Não, chance zero. Não tem a menor chance de renunciar. Não tem a menor chance de não terminar o meu mandato. Fui eleito pra um mandato de três anos dentro das regras estabelecidas no clube e não aceito não terminar o meu mandato. O que vou fazer independente de ter um acordo ou não com as pessoas que fazem oposição é abrir ainda mais o clube, discutir outros assuntos, por exemplo, a não reeleição para presidente. Podemos incluir uma cláusula que permita apenas uma reeleição para que a gente possa ter uma alternância de poder e outras coisas mais que possamos flexibilizar. Mas renunciar ou diminuir o meu mandato, não tem chance disso acontecer.

BNews: O que você pensa em relação ao Conselho Deliberativo, que é alvo de muitas críticas por parte da torcida. Pensa em uma reformulação?

MGF: Dissolver o Conselho é impossível, inclusive juridicamente, por causa do Estatuto, não podemos fazer isso e nem é a minha intenção. Hoje, esse Conselho que está aí é que vai eleger o próximo presidente dentro das regras atuais. O que quero fazer numa próxima mudança do Estatuto que vamos realizar é colocar a renovação do Conselho antes da eleição do presidente, ou seja, renovar o Conselho antes de eleger o próximo presidente. Já na eleição para o próximo presidente, mudar a regra agora, para que possamos fazer isso. Porque se fala muito que tenho muita força no Conselho, um amplo apoio do Conselho, e hoje, pelo estatuto atual, o Conselho elege o presidente e depois a gente renova o Conselho. O que proponho é que façamos a eleição do Conselho antes, renove o Conselho e depois faça a eleição para presidente em 2014.

BNews: As propostas do movimento Bahia da Torcida podem ser aproveitadas pela sua gestão?

MGF: Podemos aproveitar as propostas, algumas, inclusive, já foram feitas nessa reforma atual. O sócio, por exemplo, vota com 12 meses apenas, quem se associar até dezembro, pode votar pra presidente na próxima eleição, mas podemos flexibilizar esse prazo se for do entendimento de todos. A partir desta semana, vai está no ar, o torcedor vai puder se associar como sócio patrimonial através do site, inclusive pagando com boleto e com cartão de crédito, é uma novidade que estávamos buscando implantar. Mantivemos a mensalidade para R$ 40,00, diante dos apelos dos torcedores não aumentamos para R$ 80,00. O Torcedor Oficial do Bahia (TOB) também vai puder se associar e pagar por boleto bancário, já são alguns facilitadores que conseguimos implantar.
 
BNews: O Torcedor Oficial do Bahia foi vendido para a Arena, sem o aval dos sócios, não acha que deveria ter tido uma assembleia para avaliar a comercialização do programa?

MGF: Na verdade usei uma palavrinha, “vender”, que gerou toda essa celeuma. Na verdade não vendemos o programa Torcedor Oficial do Bahia para a Arena Fonte Nova. Fizemos um acordo comercial repassando o direito da Arena de administrar o programa, mas o sócio do TOB continua sendo torcedor oficial do Bahia, o programa continua sendo de relacionamento com o clube, o que a Arena vai ter apenas a gestão operacional disso. Entendemos que como o torcedor vai usar a catraca da Arena, vai entrar na Arena, era importante que a Arena entendesse e fizesse essa gestão diretamente dos cartões, da entrada, do relacionamento com o torcedor, apenas isso. É uma coisa que acontece em todos os grandes clubes, todos têm uma empresa terceirizada que administra o programa. Usei uma palavra equivocada, não vendemos, repassamos a gestão operacional do programa.

BNews: O Torcedor Oficial que se tornar sócio patrimonial vai poder eleger o presidente?

MGF: Os que já eram torcedores oficiais até a reforma do Estatuto em janeiro, em torno de 5 a 6 mil, se quiserem já podem se tornar sócio patrimonial sem o pagamento da joia (taxa de adesão) e votar pra presidente na eleição que vem.

BNews: O que pensa sobre o processo de intervenção que envolve o Bahia?

MGF: Confio na Justiça, acho que se houver uma intervenção, vamos reverter a situação e vamos presidir o clube, porque tudo que fizemos dentro do processo eleitoral foi dentro das regras que existiam e que foram estabelecidas e entendemos que o direito está do nosso lado. Ainda assim, acredito que não vai acontecer porque o direito está do nosso lado e confiamos na imparcialidade da Justiça.

BNews: O nome do advogado Carlos Rátis surge como possível interventor no processo, você o conhece?

MGF: Não conheço, tenho algumas boas informações a seu respeito, que é uma pessoa séria, isenta. Se houver a intervenção e ele for o interventor, vamos buscar um diálogo para que o clube sofra o menos possível.

BNews: O senhor acha que a torcida cobra mais e acha que seu trabalho é uma continuidade por ser filho de um ex-presidente?

MGF: Pesa muito, o torcedor na hora da paixão, da derrota, que está triste, o torcedor traz isso de volta, essa coisa de eu ser filho de um ex-presidente, de ter pessoas que já foram presidentes que me apoiaram e me apoiam. O torcedor num momento de raiva não consegue entender que mesmo fazendo parte de um grupo político, eu possa pensar diferente, quando na verdade é isso que acontece. Tudo o que aconteceu no clube de bom ou de ruim foram decisões tomadas por mim, não foram decisões influenciadas por meu pai, que é ex-presidente, ou por qualquer outro ex-presidente que tenha um diálogo comigo. Tenho um diálogo com todos eles, mas procuro fazer o que está na minha cabeça, é melhor você errar ou acertar com suas opiniões do que depois sofrer algum revés e não ter decidido pela sua cabeça.

BNews: O senhor se considera um democrata? Há democracia no Bahia?

MGF: Acho que sim. Há democracia no Bahia. Há regras, que o torcedor de maneira geral quer ver uma abertura maior, mas o fato de me colocar a disposição pra isso, me colocar a disposição sempre pra dialogar e pra avançar, de ter feito uma reforma agora em janeiro, eu me considero um democrata. Agora não sou o dono da verdade, pode ser que esteja equivocado e que esteja errado nesse pensamento e tenho humildade para reconhecer isto. Pretendemos avançar mais ainda nessa discussão para atender o anseio do torcedor, mas no sentido de aceitar, de reconhecer que posso ter errado que não sou o dono da verdade. Coloco-me como uma pessoa que acredita na democracia.

BNews: Como avalia o relacionamento com o torcedor do Bahia, diante de tamanha rejeição?

MGF: O torcedor reage, diante dos insucessos que estamos tendo, naturalmente contra quem dirige o clube, que no momento sou eu. Se o clube for bem e se nos comunicarmos bem com os torcedores e tomarmos medidas que agradem a torcida, isso tudo muda. Torcedor não é contra A, B ou C, ele é favor de que o clube esteja bem, se o clube estiver mal, pode ter qualquer pessoa na presidência que o torcedor vai reagir da mesma maneira, vai protestar, vai criticar. Tenho certeza que quando o torcedor está de cabeça fria, quando raciocina, reconhece os avanços que tivemos, mas quer sempre mais, que é o que eu também quero e também faço críticas à minha gestão e reconheço os erros que cometemos. É preciso ter humildade pra isso, mas entendo o torcedor, e acho que ele está no seu direito e na sua razão.

BNews: Como anda o relacionamento com os patrocinadores e investidores com a crise no clube?

MGF: Não tem atrapalhado. Temos conversado muito com as pessoas que vivem o dia-a-dia do clube, que fazem suas críticas naturais, mesmo sendo investidores ou patrocinadores, mas compreendem o que estamos fazendo, sabem que a gente precisa avançar, mas não tem nenhum prejuízo para o clube.

BNews: Houve algum tipo de pressão por parte da Arena Fonte Nova, por conta da torcida não está comparecendo aos jogos?

MGF: Não, no sentindo de sair, renúncia, nada disso. Temos um diálogo muito bom com a Arena Fonte Nova e é óbvio que a Arena como parceira comercial não está satisfeita com o momento que estamos passando, mas temos conversando muito para achar soluções pra isso e temos encontrado apoio nesse sentido para acharmos alternativas para que o clube volte a ganhar, que é bom para o Bahia, é bom para a Arena comercialmente e tem que ser uma parceria de ganho a ganho.

BNews: O novo Centro de Treinamentos já tem previsão de conclusão?

MGF: No primeiro momento houve um atraso por conta das licenças ambientais e alvará de construção. Até porque foram alvarás de duas cidades, de Camaçari e Dias D’ávila. Depois houve uma demora por conta da grandiosidade da obra, por causa das chuvas. A construtora OAS já confirmou que até junho faz a entrega do Centro de Treinamentos oficialmente e até dezembro faremos a mudança com certeza absoluta.

BNews: Quais evoluções no Bahia sob seu comando?

MGF: A volta à Série A, o título baiano do ano passado, o avanço na estrutura do clube na parte de infraestrutura do Fazendão, a construção do novo CT é o maior legado que vamos deixar.  A profissionalização do futebol, desde que cheguei, mesmo com os erros que cometemos. Não temos mais um departamento de futebol amador, temos pessoas que são profissionais do ramo trabalhando no departamento, é uma coisa que implantamos e vai ficar para outros presidentes que assumam. Agora tem muita coisa pra avançar, reestruturar o marketing, o departamento de futebol. Devolvemos ao torcedor do Bahia, o orgulho de ser tricolor, quando voltamos para a Série A e quando fomos campeões baianos. Por isso que quando fomos muito mal este ano, o torcedor se decepcionou muito, porque o torcedor quer muito mais.

BNews: O que pretende fazer nos próximos dias de forma emergencial para o Bahia sair da situação em que se encontra?

MGF: No futebol já mudamos com a contratação de Cristóvão e dessas pessoas para o departamento de futebol e esperamos trazer jogadores. Mesmo que não haja um acordo com a oposição, vou levar uma proposta para o Conselho Deliberativo para que possamos avançar mais ainda na reforma do Estatuto, pra que não haja reeleição pra presidente, apenas uma reeleição, que a gente coloque a eleição do Conselho antes da eleição de presidente, pra renovarmos o Conselho antes de renovar a presidência do clube em 2014, são pontos fundamentais. Além de outros pontos que possamos flexibilizar mais ainda o processo democrático dentro do clube para que o torcedor possa votar diretamente na escolha do Conselho e também da presidência.
 
BNews: Uma mensagem para o torcedor do Bahia que acesse o Bocão News.

Entendo a mágoa do torcedor, estou tão magoado quando ele, ninguém está mais chateado do que eu com a situação. Reconheço os erros que cometemos, com toda a humildade, digo que errei no departamento de futebol neste primeiro semestre, mas que estou animado com o futuro, trabalhando para que façamos um Brasileiro melhor do que fizemos nos dois últimos anos. Vamos reconstruir essa confiança que o torcedor teve na gente neste três últimos anos e que o torcedor lembre dos momentos bons que passamos na volta à Série A e no título baiano do ano passado, que vamos dá a volta por cima e vamos voltar a ter alegrias.


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