Tiago Antônio Campgnaro, atualmente goleiro do Esporte Clube Bahia, começou sua carreira no Corinthians, passou pela Portuguesa e tem seu passe pertencente ao Vasco. O arqueiro joga desde janeiro no tricolor, porém não viveu bons momentos no clube.
O arqueiro, que chegou a ser comparado à Rogério Ceni pelo fato de fazer gols de falta e penalti, foi bastante criticado pelo torcedor do Bahia no início do ano, sendo o alvo principal de toda a ira, sendo assim afastado do elenco. Mesmo assim nao desistiu, nao abandonou o clube e agora espera terminar o ano feliz.
Em entrevista exclusiva ao repórter Thiego Souza, o goleiro revela suas decepções, vontade de sair do Brasil e alegria por poder voltar a jogar futebol.
- Você começou a carreira no Corinthians. Foram quantos anos de clube?
Joguei nove anos lá. Fiquei lá nas categorias de base, dos 14 até os 23 anos. Depois sai, fui para a Portuguesa, Vasco e agora aqui o Bahia.
- Na Portuguesa, pelo fato de marcar gols, você chegou a ser comparado com o Rogério Ceni. Era legal ou isso te incomodava?
Isso é normal para qualquer goleiro que venha a bater faltas, pênaltis. Querendo ou não vai ser comparado ao Rogério Ceni, assim como ele quando começou foi comparado ao Chilavert, mas ele superou e muito o Chilavert. Acho isso normal e nunca me incomodou.
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- Dos treze gols marcados na carreira, qual aquele que você considera mais importante?
O mais importante foi o primeiro. Foi logo quando eu comecei e se não me engano foi a terceira falta que eu cobrei na vida. O gol foi contra o XV de Jaú no campeonato paulista da A-2, quando eu jogava na Portuguesa. Foi importante também porque eu tinha acabado de chegar na Portuguesa e isso marcou muito também.
- Você tem dupla nacionalidade. Seu objetivo é defender a seleção italiana?
Para alcançar esse objetivo eu tenho que jogar primeiro. Tenho que voltar a conquistar meu espaço, mas meu sonho é jogar fora mesmo, eu tenho esse sonho, é um objetivo. Já consegui no meio desse ano tirar a carteira de identidade italiana até o inicio do ano, só falta o passaporte, mas isso é questão de tempo.
O Angione na época me liberou, foram três dias, bem rápido, só para assinar a documentação e agora no final do ano regularizo. Tenho que ir lá para pegar o passaporte e depois daí as possibilidades aumentam, ainda mais goleiro, que em minha posição ninguém contrata lá porque você vai ocupar vaga de estrangeiro, então para levarem goleiro só tendo o passaporte comunitário.
- Ano passado no Vasco você acabou não jogando porque o Fernando Prass não machuca e não é suspenso. Chato para um goleiro ficar tanto tempo de molho né?
Pra caramba! Quando eu vim para cá tinha renovado com eles lá, tenho ainda mais dois anos de contrato, e saí de lá por esses motivos.
- Como você viu e reagiu ao convite do Bahia?
Quando rolou o convite do Bahia, conversei com o Rodrigo Caetano, com o Roberto Dinamite, mas eles não queriam me liberar, mas reforcei, falei que seria mudar os ares, jogar um pouco, mas infelizmente as coisas não saíram da maneira que eu queria. O ano não começou bem, não foi bom para mim profissionalmente, mas tudo é um aprendizado na nossa carreira, estou com 28 anos e tenho muita lenha para queimar.
- Você se sente injustiçado por ter sido o principal alvo da ira da torcida do Bahia em um momento onde nada dava certa para a equipe?
Tudo era novo! Foi um momento difícil porque a torcida cobra um título que não vem há anos e isso é totalmente compreensível. Acho que o torcedor tem que ser respeitado, todo tipo de cobrança também, ainda mais que a torcida do Bahia é bastante apaixonada, então cobram mesmo. Mas, comigo foi uma coisa exagerada, na minha opinião.
Graças a Deus tenho a cabeça boa, nunca levei nada para o pessoal, nunca na minha carreira, até mesmo dentro de campo, quando tenho uma discussão com um ou outro jogador, mas depois daquilo a gente vira amigos.
- O começo do ano é sempre complicado, principalmente para um elenco que estava voltando de férias, né?
Verdade! O começo do ano foi bastante difícil, todo mundo fora de forma, inclusive eu, então se torna difícil. Os campeonatos estaduais sempre nos começos não são bons para o jogador, porque estão voltando de férias, o condicionamento demora e queira ou não queira, estoura lá atrás. Se o atacante não está bem não vai fazer gols, o meia não vai servir, os laterais não vão apoiar o zagueiro não vai conseguir marcar e vai sobrar lá atrás, mas passou, Deus me deu a oportunidade de poder voltar a jogar, mostrar para a torcida do Bahia quem eu sou, porque fui contratado, e tenho certeza que vou sair de cabeça erguida no final do ano.
- Quando você foi afastado do elenco pensou em voltar para o Vasco?
Voltar para o Vasco não até porque tenho um contrato de empréstimo com o Bahia até o final do ano, então não era ideal voltar para o Vasco.
- Mas pensou em deixar o Bahia?
Sim, cheguei a pensar. Conversei muito com meu empresário, com minha esposa, até com o Paulo Angione, que sempre tinha a preocupação de saber como eu estava, reagindo a tudo isso. Eles sabem que sou assim, sei reagir em meio às dificuldades e cheguei para mim mesmo e falei que desistir é para os fracos e não sou isso não, vou trabalhar.
Fiquei um tempo recluso, sem dar entrevistas. Quando a assessoria aqui do clube me procurava para falar com a imprensa, sempre negava com educação. Estava me reciclando e quando vi o Lomba começar a jogar e bem, não achei correto ficar falando enquanto o outro está jogando. Então foi um momento de muito sofrimento para mim, mas passou e agora está tudo bem.
- Quais fatores foram determinantes para o crescimento do Bahia na série A?
É difícil falar! Nosso time teve altos e baixos, tivemos momentos que jogamos muito bem e fizemos outros jogos horríveis. Por exemplo, o jogo que fizemos contra o Grêmio, o primeiro tempo, falo porque eu joguei , então fica mais fácil comentar, foi horrível, estávamos desorganizados, mas depois voltamos organizados.
Nós passamos a ter equilíbrio e se tivermos um equilíbrio um pouco melhor antes certamente na tabela estaríamos lá em cima e estaríamos brigando por outras posições.
- Manda um recado ao torcedor do Bahia
Torcedor do Bahia, esquadrão de aço. Agradeço a tudo que aconteceu, independente das criticas positivas ou negativas, o apoio de todo mundo e espero chegar final do ano com o time comemorando tranquilo nossa permanência na série A e se deixarem a gente chega na Sul-Americana e temos tudo para conseguir essa vaguinha, mas uma coisa de cada vez. O Joel deu uma entrevista dizendo que o objetivo são 45, 46 pontos e depois vamos ver o que fica de bom para a gente.