Em fevereiro, Coronel Nunes ajudou a garantir a permanência do presidente Ednaldo Rodrigues até 2026, em meio a polêmicas financeiras.
Cerca de R$ 1,2 milhão, em 2022 e 2023, e R$ 1,15 milhão, em 2024. Essas são os valores que acumulados que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) teria pagado, como uma espécie de ‘mesada’ a Antonio Carlos Nunes de Lima, mais conhecido como Coronel Nunes. De acordo com a Folha, as cifras — aproximadamente R$ 100 mil — foram pagas mensalmente entre 2022 e o ano passado.
O coronel ocupou o cargo de presidente interino da
CBF em duas oportunidades, mas recebeu os recursos quando não ocupava mais funções. A reportagem afirma que prints do sistema interno da CBF mostram, por sua vez, transferências monetárias de R$ 72 mil para o ex-dirigente (com impostos já retidos na fonte), indicadas como “honorários” — sendo que ele deixou de fazer parte dos quadros da CBF desde agosto de 2021.
A CBF afirma, em nota de assessoria de comunicação, que todo pagamento da instituição é feito de acordo com o estatuto e é apresentado aos auditórios e repudia qualquer alegação de pagamento com qualquer finalidade que não seja lícita. O posicionamento não explica o motivo dos pagamentos mensais a Nunes, mesmo sem que ele tenha cargo na confederação, tampouco se eles continuam sendo feitos.
De acordo com a Folha, em fevereiro deste ano, o coronel Nunes foi um dos signatários do acordo que ajudou a manter o atual mandato do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, com duração até 2026.
Ele já foi reeleito, com previsão de permanência no cargo até 2030.
Além dele, o acordo foi assinado pelos dirigentes Fernando Sarney, Rogério Caboclo (ex-presidente), Castellar Neto e Gustavo Feijó e também pela Federação Mineira de Futebol. O acordo reconheceu a legalidade das duas assembleias que alteraram o estatuto e garantiram a eleição de Ednaldo, ambas realizadas em março de 2022.
No documento, eles se comprometeram a encerrar todos os litígios que questionavam as assembleias e que, portanto, ameaçavam a continuidade do mandato. Vale lembrar que uma reportagem da Revista Piauí revelou que um dos signatários, Gustavo Feijó, recebeu R$ 2,5 milhões da CBF em maio de 2024, no mesmo dia em que anunciou que desistiria de contestar na Justiça a eleição de Ednaldo.
Segundo as partes informaram à revista, o valor se refere ao acordo no âmbito de ações movidas por Feijó contra a CBF na Justiça de Alagoas. A reportagem afirmou não ter recebido comprovante de realização do acerto judicial. O acordo que ajudou a manter Ednaldo foi assinado pelas partes em janeiro deste ano e homologado no mês seguinte pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
A participação do magistrado na disputa judicial que atravessava a CBF é considerada controversa pelos envolvidos, uma vez que, desde agosto de 2023, o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual é sócio e fundador, tem uma parceria com a entidade esportiva para administrar os cursos da CBF Academy.