Por Justiça Desportiva

Publicado em 26/09/2009, às 12h29

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Além de bom futebol, garra e carisma com os torcedores, a disciplina dentro dos gramados também é um quesito considerado importante na hora de contratar um jogador. Nas pré-temporadas, os clubes costumam, inclusive, realizar palestras para mostrar para os artistas da bola as consequências de uma expulsão. Uma delas, que alguns desconhecem, são as denúncias formuladas pela Procuradoria dos tribunais.
Quando um jogador leva cartão vermelho, além de não poder mais permanecer em campo e de ficar fora do jogo seguinte por cumprir suspensão automática, ele ainda será julgado, correndo o risco de pegar mais algumas partidas de suspensão. Isso é uma regra, que quase sempre não agrada a todos do mundo da bola.
O volante Fabinho, do Cruzeiro, que em sua última passagem pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) levou um jogo de suspensão pela expulsão no clássico contra o Atlético/MG, acredita que essa medida seria mais cabível em lances hostis. “É bom ter esse rigor para punir um ato hostil ou quando tem a maldade de machucar o adversário”, opinou.
O zagueiro Rafael Marques, do Grêmio, endossa o discurso do companheiro de profissão e faz uma ressalva quanto aos inúmeros processos. “Em alguns casos é válida a denúncia, mas em outros, como numa expulsão pelo segundo cartão amarelo, deve ser avaliada. Toda denúncia após uma expulsão pode acabar sobrecarregando o tribunal. Vejo a Justiça Desportiva como uma protetora dos atletas”, disse o jogador, que foi absolvido da última vez que sentou no banco dos réus por ter sido expulso e denunciado pelo calço em Neymar, do Santos.
Mas nem todos os jogadores pensam da mesma forma. Mesmo visitando o tribunal com frequência, o volante Willians, do Flamengo, que na última vez que sentou no banco dos réus pegou duas partidas de gancho, defende as denúncias diante de toda e qualquer expulsão. “Acho bom. É importante ter alguém que controle a disciplina dentro de campo, se não vão fazer o que quiserem. É bom que dá uma travada no jogador”, comentou.
Além dos jogadores, os técnicos que também são expulsos vão a julgamento. O último a sentar no banco dos réus foi Antonio Lopes, atualmente no comando do Atlético/PR. Ele pegou o gancho de 30 dias pela expulsão contra o Flamengo. No mesmo dia, PC Gusmão, do Ceará, também foi julgado, porém foi absolvido.
Como são feitas as denúncias:
Quando um jogador ou técnico é expulso, a Procuradoria dos tribunais aguarda a súmula do jogo, que lhe é enviada em até três dias úteis e, após ter acesso ao relato do árbitro, os procuradores enquadram as infrações nos artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e enviam para o tribunal em até três dias.
Ao receber a denuncia, a secretaria, junto ao presidente do tribunal, coloca em pauta e o clube recebe a intimação até três dias antes do julgamento. Vale ressaltar que se o denunciado tiver algum jogo no mesmo dia do julgamento, ele tem condições de atuar, pois a pena conta apenas a partir do dia seguinte do veredicto dos auditores.

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