No século XIX, o Brasil viveu momentos de grande agitação com os movimentos abolicionistas que visavam libertar escravos. Homens, mulheres e crianças negras, transportados acorrentados como animais nos porões dos navios, vendidos, trocados, emprestados e até doados para senhores produtores da época, que os jogavam nos trabalhos pesados da lavoura e da casa. Quando bons ou bonitos, eram protegidos do feitor ou da sinhazinha e assim tratados com um pouquinho de respeito, porém trabalhavam duro e  recebiam em troca comida (muito ruim), trapos para cobrir o corpo, um barracão que servia como moradia coletiva (senzala) e correntes como adornos.

Praticamente dois séculos depois, a situação esta se repetindo no Vitória, claro que acompanhando a modernização que veio com o passar dos anos. É, hoje são brancos, negros, pardos, amarelos, ruivos e sararás. Comprados, emprestados, trocados e também, até doados. Transportados de avião e carros de luxo, com direito a fotos nos jornais e entrevistas no rádio e na TV. Jogadores que chegaram ao clube, cheios de vontade, dispostos a tudo para conseguir um lugarzinho ao sol. Porém não conquistaram a graça do feitor (melhor, treinador) Paulo Cesar Carpeggiani, e estão relegados ao chamado G-2, grupo de renegados, sem direito à nada. Treinam separados dos preferidos, em horário impróprio e sem nenhuma atenção e depois voltam para suas casas, onde ficam ansiosos a espera de um negociador que os tire da agonizante situação de escravos sem senzalas, sem trapos, sem correntes, mas também sem salários, sobrevivendo de pura esperança, enquanto os sinhozinhos (dirigentes) dos tempos modernos, posam de donos de tudo, até dos direitos que as leis garantem para esses profissionais.

Sinhozinho Alex Portela! Sinhozinho Jorginho Sampaio! Sinhozinho Raimundo Queiroz! façam uma homenagem ao 13 de maio, não o da Lei Áurea, mas ao 13 de maio da fundação do Vitoria, clube de raça e tradição, abram o cadeado! tirem as correntes da porta do cofre! paguem os salários dos escravos!  ponham um fim na senzala Rubro-Negra!!!

Jota Freitas é radialista, narrador da equipe dos galáticos – Itapoan FM