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Arena azul, vermelha e branca

por Caroline Gois - Bocão News em 05 de Abril de 2013 12:13

Ao ver um gradio moderno e uma máquina que registrava o ingresso para liberar a catraca, adentrei ao estádio cujo olhar não alcançava o teto e cujas dimensões me remetiam à outra realidade.
 
Participar do evento teste da Arena Fonte Nova, na noite de quinta - 2 de abril de 2013, me levou a um local que desejara conhecer assim que os burburinhos de 'ela está pronta' começaram e que a ausência na inauguração seria inevitável.
 
Estava radiante. Feliz. Empolgada. Entusiasmada. Aquele gigante similar ao que se vê na TV em campeonatos mundiais estava agora aqui, em Salvador, sob os meus pés e olhos e o resto pouco importava.
 
Mas, naquela noite que para mim o vislumbre do equipamento valia mais do que qualquer coisa, algo me fez desviar a atenção dos ferros, escadarias, 'tijolos de metal' e do vão que compilava a Arena em arquibancadas com o um gramado virgem ao centro, pronto para ser usado.
 
Lá estava ele - O TORCEDOR.
 
Ao observar o entorno que me cercara me vi literalmente no meio de uma torcida do qual time naquela noite não entraria em campo. Eram cinco. Dez, mil. Aquelas cores se multiplicavam e sobressaiam sobre outras que humildemente 'estreavam' a Arena, mas que logo eram sufocadas por lágrimas e sorrisos que me fizeram perguntar: "Sorrir sem jogo? Gritar sem lance? Comemorar sem triunfo?".
 
A partir daí percebi que nada disso importava. Aqueles torcedores de meia idade, de 5 anos, da idade do lobo e até mesmo os de saia pareciam crianças felizes com a vida, com uma realização que não precisa de mais nada para valer a pena.
 
Aos montes, estes 'energia contagiante' contavam as horas para o clássico do dia 7, mas ainda não era isso que os fazia correr entre as cadeiras e se abraçarem como se há tempos não tivessem tido este momento.
 
E não tiveram. Foi fácil perceber que quando aqueles olhares desconhecidos mas tão próximos e íntimos se viram frente a frente, juntos, como uma equipe, remeteram-me ao que deixaram lá atrás.
 
Ao eco de "estamos em casa" fui levada por um sentimento que me fez perceber o que está além da torcida, do Clube, do time, da bola. Lá atrás, quando a Fonte era deles, só deles, as alegrias foram registradas.
 
E tristezas também. Da vida e do futebol.
 
E, talvez por isso, ainda que em um evento teste, tudo era um momento único. Foi possível perceber porque Bahia é "Bora Baheaa minha Porra"..foi possível entender porque quem é tricolor nasceu tricolor e não torce - chora, grita, esperneia, sofre, veste a camisa e destrói a alma se preciso, mas está lá.
 
Estavam lá não pela Arena, não pelo tamanho ou beleza dela, nem tampouco pelo BaVi de domingo.
 
Estavam lá porque o coração pulsa mais forte que qualquer tambor, porque a saudade é maior que qualquer estádio, porque o amor ultrapassa as séries e vai de A a C se preciso, mais vai. Porque para em Feira, no Rio, em São Paulo, em Pituaçu, em Conquista e sempre volta à Fonte.
 
A Fonte que embalava, que empolgava e emocionava. Que era pra rico e pra pobre..que era do Bahia. Que tinha ambulante, faixa, Bamor e Povão, que tinha o #BBMP.
 
Por isso e muito mais que talvez eu nunca saiba explicar porque eles estavam no evento teste parecendo crianças. Daquelas que brincam sem pudor, que desejam sem maldade, que são inocentes a ponto de rezar, ajoelhar, pedir perdão, ajuda aos céus e aos santos, fazer mandinga e vestir a mesma roupa quando o time entra em campo para não dar azar.
 
Talvez eu nunca entenda porque quando se fala no time meça as palavras, porque não há tempo ruim, porque chuva e sol - tanto faz. Não entenda porque o povo que é o clamor e ninguém vence em vibração...e porque a palavra de ordem é Avante Esquadrão...
 
Ahhh Bahia...
 
Para o muleque e para a menina que estiveram na Arena...quiçá se é Itaipava, Skin ou Sol, se tá gelada ou quadrada...importa que pisar novamente naquele chão que não se acaba com pedra sobre pedra, há historias, há vitórias, há uma nação...
 
Que não se rende, que se vira, que faz de um 'Pituaço' um lugar especial e que por onde passa terá que registrar alguma coisa..
 
Ahhh Bahia....
 
Porque de futebol pouco entendo - lá sei dos Obinas, Michael Jackson, Lomba...de outrora com Bobô, Zé Carlos, Ronaldo..
 
Ahhh Bahia...
 
Porque me fazer sentir tamanha emoção por estar observando o tricolor já basta - camisa azul vermelha e branca, as estrelas que pesam, o dedo cruzado levado a boca. Um terço. Amem. Um pedido. Amem. Uma força que move a bola para o gol. Uma decepção. Uma alegria. Uma Paixão.
 
Ahhh Bahia..
 
Vai que a Arena é tua...a arena é nossa....porque ali é a Fonte...ela mesma, a velha gigante arena tricolor onde este amor inabalável move tudo - ainda que moderna e com espaço para poucos que logo entrarão, a casa é de vocês..
 
Conquistem mais um tento. Esta é a hora. E nem precisa bater. Basta entrar.
 
Ahhh.. Bahia Minha Porra!

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