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A um ano das Olimpíadas, atletas baianos sofrem com falta de estrutura

Autor(a): Rodrigo Daniel Silva e Tarso Duarte em 04 de Agosto de 2015 10:26

Começa nesta quinta-feira (5) a contagem regressiva de um ano para início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Seis anos separaram o dia da escolha da Cidade Maravilhosa como sede das Olimpíadas até a data que inicia a contagem. Apesar disso, o que se vê ainda é uma falta de estrutura para os atletas se preparem, treinarem e disputarem o maior evento esportivo do mundo.

A reportagem do Bocão News e do Galáticos Online conversou com os presidentes das federações baianas de atletismo, boxe, canoagem e natação. Nestes esportes, a Bahia tem grande chance de ter representantes. Os dirigentes apontaram a falta de investimento como o maior empecilho para o crescimento das atividades esportivas no estado.

Grande esperança de medalha com o trio formado por Adriana Araújo, Robenilson de Jesus e Robson Conceição, o pugilismo baiano luta hoje, literalmente, para seguir forte na Bahia. O presidente da Federação de Boxe Olímpico e Profissional do Estado da Bahia (Boxebahia), Joilson Santana, criticou a ausência de espaços para atletas treinarem, embora tenha revelado que o pugilismo do estado pode ter um centro de treinamento em breve.

“O que falta hoje é o que a diretoria da Sudesb (Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia) está tentando fazer, um centro de treinamento, uma estrutura real para nossos atletas treinarem e serem orientados. Já existe o projeto em andamento para que isso aconteça, vamos aguardar e torcer, porque o esporte é forte no estado e merece mais atenção”, ressaltou o dirigente.

Pugilismo baiano luta hoje, literalmente, para seguir forte na Bahia

O presidente da Federação Bahiana de Atletismo (FBA), Robson de Menezes Chagas, endossou as críticas a falta de centros esportivos no estado. “A gente está usando as ruas para treinar. Não temos alojamento, ginásio de esporte, pista de atletismo... Precisamos improvisar o tempo todo”, analisou. 

Segundo o presidente, a FBA tem apenas um apoio de R$ 3.500 da Confederação Brasileira de Atletismo (CABt).  O ideal, diz ele, era ter entre R$ 10 mi e R$ 15 mil por mês para criar uma escola de iniciação ao atletismo.  O presidente frisou também a importância de investir em atividades esportivas. “A gente economiza em saúde, porque as pessoas passam a ter uma vida saudável, reduz também em segurança, porque aprendem a cumprir normas e leis”, ressaltou.

Contando com Allan do Carmo e Ana Marcela na maratona aquática, a natação é mais um esporte olímpico que necessita de uma estrutura mínima para se desenvolver. O esporte, que já teve nomes como Edvaldo Valério, não vai ter representantes na piscina, e o motivo é simples. Desde 2010, quando o Parque Aquático da Fonte Nova foi interditado, e depois soterrado, a natação baiana não conta sequer com uma piscina de dimensões olímpicas. A esperança é que esse cenário mude, o que pode acontecer ainda esse ano.

Sérgio Silva, presidente da Federação Baiana de Desportos Aquáticos (FBDA), falou sobre a esperança de contar com o Centro Olímpico de Natação da Bahia, que está sendo construído pelo Governo do Estado na sede da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac). O dirigente, no entanto, não mostrou animação quanto aos prazos para que o equipamento seja disponibilizado.

“Com a demolição da Fonte Nova nós ficamos sem espaço. Existe um novo parque aquático, com piscina olímpica, sendo construído, com um prazo para ficar pronto ainda em 2015. Mas, eu sinceramente não acredito que aconteça nesse ano. Nossa expectativa é que [a piscina] fique pronta o mais rápido possível, porque vai ser essencial para o desenvolvimento do esporte”, pontuou. 

Na expectativa de ver Allan do Carmo e Ana Marcela em boa forma nas olimpíadas, Sérgio Silva elogiou a postura dos dois, que apesar de não contar com uma estrutura decente, fazem questão de levar o nome da Bahia nas conquistas que conseguem ao redor do mundo.“Quando a gente perde uma Ana Marcela para São Paulo, não é porque ela quer. É por causa de estrutura, do patrocínio... Nossos atletas nunca vão perder a baianidade”, salientou.  

O presidente da federação baiana de boxe também exaltou a entrega dos atletas mesmo com a falta de estrutura, e ressaltou os bons resultados que o esporte continua a ter. “Já tivemos a seleção com 80% dos atletas sendo baianos, mas a falta de apoio enfraquece o esporte. Ainda assim a gente tem atleta baiano sendo campeão todo ano, conseguimos medalhas e títulos para o estado em todos os níveis, brasileiro, sulamericano e mundial”, afirmou Santana, que solicitou maior atenção também do setor privado.

“Acho que essas empresas privadas não percebem que só têm a ganhar colocando sua marca junto com um esporte vencedor como o boxe baiano. Além disso existem incentivos fiscais para patrocinadores, com isenção e abatimento de impostos”, analisou.

O presidente da FBA disse que a expectativa é do estado ter duas representantes no evento esportivo. Segundo ele, a maratonista Marily dos Santos, que é alagoana, radicada na Bahia, está quase garantida nos jogos. “Marily está 70% ou 80% garantida. Ela está em segundo lugar no ranking e foi quinto [lugar] no Pan Americano”, contou. Robson de Menezes destacou ainda o bom desempenho da atleta baiana Graciete Moreira Carneiro, que pode disputar também os jogos. “É uma menina que está crescendo muito”, avaliou.

A maratonista Graciete Carneiro é uma grande aposta na Bahia nas Olimpíadas

O presidente da Federação Baiana de Canoagem (Febac), Figueroa Conceição Souza, que treinou o canoísta baiano Izaquias Queiroz, salientou também o bom desempenho do esporte apesar de ter atenção merecida pelos gestores. “Acabamos de ganhar uma medalha de bronze inédita [em Portugal] para a Bahia e o Brasil. A Bahia é grande e não de agora que importamos talento”, disse.

O dirigente lamentou que os esportes, como a canoagem, só sejam lembradas quando há eventos esportivos. “Quando chegam as Olímpiadas apareceu um monte de gente”, disse. “Acredito que há tanta violência porque o esporte não é uma política de estado, quando isso começar acontecer a tendência será melhorar”, concluiu. 

*Colaborou o repórter Tiago Di Araújo


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